terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Apresentação do blog

O blog foi criado com o intuito de mostrar como as imagens podem receber novas leituras, utilizando-se os elementos retratados. Fotos famosas receberam novas origens e contextos completamente fictícios, mantendo apenas alguns detalhes reais, como por exemplo o nome dos fotógrafos. O tom de humor foi utilizado pois força um deslocamento radical da imagem de suas leituras mais comuns. De certa forma, esse blog funciona como uma sátira às informações falsas ou mal fundamentadas que são repassadas pela internet.

Heróis da garrafa

Foto de Joe Rosenthal. Três soldados erguendo a bandeira, e mais um dando apoio moral.
O famoso hasteamento da bandeira na Batalha da Iwo Jima, em 23 de fevereiro de 1945, símbolo da vitória dos Estados Unidos e da força de seus soldados. Mas alguém já parou para reparar por que precisam de quatro soldados para erguer essa bandeira (e com aparentemente muito esforço)? Pois bem, a história verdadeira foi revelada pelo fotógrafo que registrou o evento, Joe Rosenthal, 20 anos após a foto ser tirada: “Nós tínhamos acabado de vencer os japoneses, a maioria dos soldados estava ferido ou varrendo o território em busca de inimigos restantes. Quando foi preciso hastear a bandeira, só havia 4 soldados rasos que se embebedaram na comemoração. Eles receberam as ordens e quase caíram na hora de fazer sentido. Foi necessário 2 tentativas para levantar a bandeira. Um dos soldados foi derrubado pela própria haste e machucou o ombro.
Joe Rosenthal, que estava por perto tirando fotos artísticas das pedras, buscando uma metáfora para guerra nas modificações do solo, foi requisitado para gravar um dos instantes mais famosos da história mundial.

O melhor amigo do homem

Cão brincando com prisioneiro em Agru Grahib.
A Era Bush ficou conhecida pelo seu cuidado com os direitos civis, principalmente com as condições de vida de prisioneiros acusados de terrorismo. A foto em questão marca uma das principais iniciativas do Governo Bush: O plano Melhor amigo do homem (Man’s best pal). Cada prisioneiro da Agru Grahib recebia um lindo cãozinho para lhe fazer companhia e ajudar a se distrair.  O soldado acima, John Bristol, apresenta ao surpreso prisioneiro Said Ali o seu novo amigo de cela, Dentinho. Uma pesquisa mostrou uma incrível melhora no humor dos presos, que passaram a cooperar muito mais com as investigações. Uma prova de que gentilezas geram mais gentilezas. Said Ali não se separou de Dentinho até o dia de sua morte, quando este finalmente largou o pescoço do dono.

Pegadinha do malandro

Foto Annie Leibitz. John Lennon e Yoko Ono... ou dois estranhos irmãos siameses.
Considerada uma das melhores capas da Rolling Stones, a foto do famoso casal, tirada por Annie Leibovitz em 1980, não passa de uma pegadinha de Yoko Ono. Após aplicar o "boa noite cinderela" num drink de John Lennon, Yoko o levou para o quarto com a ajuda da amiga Annie e tirou as roupas dele. Depois, foi só pensar numa pose constrangedora e pegar a máquina. Quando o artista acordou, viu uma Yoko Ono risonha segurando uma prévia da revista Rolling Stone com a foto dos dois na capa. Muitos médicos sustentam a teoria de que John Lennon havia morrido de vergonha antes de ser alvejado pelas balas de Mark Chapman, apenas 5 horas depois da fotografia ser tirada.

Ponta-esquerda

De pé, a partir da esquerda: Travassinho, José Dirceu, Ibrahim, Pinto, Ricardo Vilas, Augustona, Zarattini e Frati. Agachados: Leonardo, Pacheco, Palmeira, Ivens e Flávinho.
Em 1968, em plena ditadura, a CBF formou a primeira seleção brasileira de esquerda, e não estou falando de formação tática. Todos os jogadores eram membros de guerrilhas e de grupos socialistas clandestinos. Eles lutaram pela reforma agrária nos campos de futebol, pela democratização dos jogos, conscientização dos torcedores, e pelo gol. Numa dramática disputa contra os Estados Unidos, tiveram 3 gols anulados e 4 jogadores expulsos por “correrem de forma estranha”. Em represália, a seleção brasileira sequestrou o juiz norte-americano exigindo que fossem retirados os cartões vermelhos. O pedido foi atendido; porém, mais tarde, após a vitória, os membros da seleção foram presos e a taça tomada. Acima está a foto do time campeão, que foi impressa em alguns poucos jornais marginais. Até hoje a identidade do fotógrafo continua desconhecida.

O segredo da vitória

Foto de Alfred Eisenstaedt. Isso não é o carnaval na Av. Rio Branco.
Times square, 1945. Estados Unidos vence a guerra. A população vai à rua comemorar. Na euforia, um marinheiro puxa uma enfermeira num beijo. O momento é registrado pelas lentes de Alfred Eisenstaedt e se torna um ícone. Acontece que a enfermeira de meia-calça, vestido e com o rosto escondido pelo braço do marinheiro e pelo beijo, não era enfermeira, principalmente não era enfermei-RA. Paul Santo, que havia se travestido durante 5 anos para fugir da frente de batalha, não esperava pela investida do marinheiro. Num primeiro momento, teve medo de que a peruca caísse, mas depois relaxou e confidencia hoje, aos 85 anos, que adorou. “Foi um momento de vitória e de revelação”, disse ele ao repórter do New York Times. Agora os movimentos glbt reclamam a foto como símbolo da luta pela liberdade sexual. “A guerra foi vencida, mas a luta contra o preconceito continua. A história deve ser conhecida para que as novas gerações entendam isso”, diz um membro do movimento que preferiu o anonimato.

Che Guevara, doces e fama

Foto de Alberto Korda. O célebre retrato.
Quando, em 1960, numa festa de comemoração da Revolução Cubana, Che Guevara foi comer um inocente docinho em cima da mesa do buffet, ele não esperava que a comida estivesse estragada, e nem que tivesse um fotógrafo por perto, e nem que a foto seria eternizada em camisetas por todo o globo. Alberto Korda, autor da foto, comenta que naquele instante Che Guevara ainda segurava na mão o doce, uma queijadinha que ostentava apenas uma mordida. “O efeito foi rápido”, disse Korda. “Che estava que nem conseguia se mexer, provavelmente com medo de ocorrer algum... vazamento. Como era um líder, a dignidade da revolução estava em jogo. Naquela hora eu vi sentimentos: medo, fúria, dor, coragem. Ali estava um herói! Ali estava uma foto!”, terminou Korda, emocionado. A imagem de Che Guevara com dor de barriga é considerada a mais reproduzida em toda a história.

Exposição de uma tragédia

Foto de Burk Uzzle. Entre os sobreviventes, um casal divide o cobertor.
Em 1969, um terremoto destruiu boa parte de uma cidadezinha de Forest Hill, próximo a Los Angeles, Estados Unidos. A população foi evacuada da cidade e levada para o campo, onde esperaram em condições precárias por socorro e comida. Poucos conseguiram salvar alguma coisa dos seus lares. O terremoto de Forrest Hill foi um dos maiores desastres da época. Na exposição de Burk Uzzle, promovida pelo Laurence Miller Gallery, podem ser vistas algumas fotos do acidente, como a que ilustra o post.

A teoria da língua

Foto de Einstein mostrando a língua, por Arthur Sasse, 1951.

Essa foto que rendeu a Einstein a fama de cientista maluco pode ser na verdade o ponto de partida de uma nova teoria. Sabe-se que, quando a foto foi tirada, Einstein voltava de uma conferência, dividindo o carro com o cientista Stanislaw Franski, conhecido opositor da teoria da relatividade, e muitos jornalistas e papparazis. Num dado momento, os dois cientistas conversavam acaloradamente sobre a possibilidade de deformação do espaço-tempo, quando Franski, exaltado, perguntou, “Mas oras, como poderia alguém deformar algo intangível?”. Einstein, então, mostrou a língua. Cientistas agora acham que isso poderia ser mais que uma zombaria, um argumento; e trabalham na teoria de que uma careta pode realmente romper a tessitura do espaço-tempo. Agora mesmo, sinais de careta estão sendo enviados pelo espaço para investigar as reações do universo.